OUSAR PARA AVANÇAR

Chegamos à quarta edição da Mostra CineBH.
Um caminho percorrido, uma longa jornada por vir.
E, por mais experiência que adquirimos, a cada edição, recomeçamos.
Os princípios estão impregnados, as janelas para serem descortinadas.
Ainda, provisoriamente, abrimos as portas do Cine Santa Tereza e, confiantes pensamos: no ano que vem vai ser diferente, ele vai existir e abrir as portas para o evento e o público entrar.

Prioridade e interesse – de fato, na prática, lidamos com estas intenções que moldam os planos de trabalho e investimentos. No entanto, somos teimosos, não abandonamos nossos ideais pela determinação de políticas de governos, por acreditar que nosso jeito de ser e trabalhar só pode resultar e convergir na soma de esforços. É gratificante presenciar a emoção que transborda de forma pura e inconsciente do homem comum ávido por cinema.

Praticamos a cidadania ao realizar um projeto coletivo que beneficiou a comunidade que nos acolheu, a cidade que moramos, o Estado que orgulhamos, o Brasil que é a nossa pátria. Seguimos convictos de que esta ação não pode ser de uma empresa, de um governo, de uma pessoa. Merece atenção e investimento. É um empreendimento que ultrapassou os seis dias de programação. Tem propósito e conceito bem definidos, é um instrumento de transformação social, que agrega valor e resultados.

A Mostra CineBH fez a conexão entre a produção independente e o mercado audiovisual mundial, com foco no formato da coprodução. Foram exibidos 78 filmes em pré-estreias nacionais e internacionais, oficinas, debates, cine-escola, atrações artísticas – uma programação abrangente, gratuita e de vanguarda e, que nesta edição, prestou homenagens à produtora carioca Videofilmes que acumula uma rica e diversificada trajetória que merece   reconhecimento e aplausos.

Em 2010, foi mais um desafio com o lançamento do Brasil CineMundi1st International Coproduction Meeting – que colocou a capital mineira no centro do diálogo entre o cinema brasileiro e o mercado audiovisual e reafirmou o propósito de tornar a Mostra CineBH um fórum de intercâmbio, oportunidades e negócios. Discutiu e dialogou com a participação de profissionais brasileiros e internacionais da América Latina, Europa e EUA, em intensa programação de debates e workshops, o contexto e mecanismos de financiamentos e coproduções internacionais e apontou caminhos para a inserção da produção audiovisual brasileira no mercado exterior definindo a melhor formatação de um evento de mercado para o Brasil.  

Tempos globalizados, tempos de transição.
Como tornar o audiovisual acessível a um público diversificado?
Como fazer o produto audiovisual chegar ao mercado?
Muitos filmes produzidos e poucos canais de distribuição.
Multiplicam-se as plataformas, redes e serviços interativos e poucas são as atenções e suportes para a produção independente.

O cinema e a televisão, a internet e o celular, mídias estéticas, mídias digitais.
A difusão, os softwares livres, downloads, banda larga, a pirataria.
Descobertas e inquietações, reorganização de economias, avanços tecnológicos.
Como se configura a relação entre o público e o consumo do audiovisual?
Pouco se aprofunda na discussão do impacto das novas mídias na comunicação, nos hábitos culturais, no comportamento e revolução da informação. 

Festivais e mostras devem ter o papel de ser mais que janelas sociais e alternativas de exibição. Devem ter ousadia para inovar e avançar com oferta de programas de formação, reflexão e difusão da produção cinematográfica, na conquista de novas plateias, colocando em evidência o cinema que se fez e o que se faz e as perspectivas de futuro.

 Trabalhamos por um cinema livre e sem rótulos, que possa ser reflexo de um país justo constituído de cidadãos conscientes em suas formas de expressar e relacionar.

 Trabalhamos pela reabertura do Cine Santa Tereza – que ele possa existir como cinema e reintegrar o cenário do bairro Santa Tereza – símbolo de uma vida cultural intensa de histórias e singularidades que merece ser levada a sério, ser prioridade de governo.