MOSTRA CINEBH DISCUTE A AUTONOMIA REBELDE DA PRODUÇÃO LATINOAMERICANA
Publicado em 11 set 2025Na 19ª edição, evento trata de horizontes latinos e filmes insurgentes da Mostra Território para refletir sobre liberdades no imaginário político e artístico do continente
A 19ª edição da CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte vai ter como temática central “Horizontes Latinos: Nós Somos o Nosso Futuro?”. A reflexão parte dos anseios sobre a soberania cultural e política do cinema latino-americano em meio a desafios globais. Inspirada na teoria decolonial do sociólogo peruano Anibal Quijano, a proposta questiona a colonialidade do poder e convida a pensamentos sobre descolonização das narrativas cinematográficas que rompam com o espelho eurocêntrico e promovam as identidades regionais.
O coordenador curatorial da CineBH, Cléber Eduardo, enfatiza a urgência da abordagem: “É tempo de aprender a nos liberarmos de referenciais europeus por onde nossa imagem é sempre, necessariamente, distorcida. É tempo de deixar de ser o que não somos”.
Em filmes e debates, com presença de críticos, pesquisadores e cineastas, o evento vai tratar as violências internas e externas sob o continente, incluindo a reconcentração de poder no capitalismo global e a interferência em legislações nacionais, como visto na Argentina sob Javier Milei, onde o cinema resiste por meio de coletivos regionais.
No contexto do cinema, o debate gira em torno de um futuro autônomo, questionando se o sucesso depende de coproduções europeias ou streamings ou se deve priorizar parcerias intra-latino-americanas. Países como México e Colômbia exemplificam associações regionais que fortalecem produções de nações economicamente mais vulneráveis, desviando-se de centros de poder dominantes.
A reflexão incorpora elementos de arqueologia e luto, com filmes que investigam vestígios históricos e silenciamentos coloniais. Cleber reforça: “Embora estejamos com o foco em um futuro, nos filmes muitas vezes partimos de nossos passados, com uma recorrente investigação sobre resíduos e vestígios dos processos históricos”. Esse aspecto traz à tona a noção de amefricanidade e o “futuro ancestral”, inspirado no escritor Aílton Krenak, e valoriza sabedorias originárias sem esvaziamentos capitalistas.
Conectada diretamente à temática, a Mostra Território, de filmes em competição e dedicada a longas-metragens latino-americanos em sua grande maioria inéditos no Brasil, exemplifica essa visão ao priorizar a renovação de diretores, com no máximo dois longas anteriores, e uma diversidade geográfica. Em sua terceira edição, a mostra foca numa ideia de filmes que lidem com os chamados “fantasmas de nossas terras”, em produções que escavam o passado histórico, revelam violências e memórias enterradas e alinham-se ao questionamento sobre o futuro autônomo.
A seleção foi feita por Cléber Eduardo, Ester Fér, Leonardo Amaral, Mariana Queen Nwabasili e o assistente Gustavo Maan. Para o coordenador, o que o público verá são
filmes latino-americanos de identidade própria, “longe de serem palatáveis para o mundo afora, são sempre viabilizados a partir de desejos, sem perseguirem a estética neoliberal da eficiência acima de tudo”. A seleção inclui obras enigmáticas e elípticas, distantes de classicismos, que lidam com crises subjetivas, coletivas e históricas.
Entre os oito filmes selecionados, destacam-se produções como o colombiano “Bienvenidos Conquistadores Interplanetários”, que usa arquivos para ironizar a ocupação espacial como extensão do colonialismo, e o equatoriano “Huaquero”, que explora a escavação de artefatos pré-colombianos para questionar a comercialização de heranças culturais.
O mexicano “Chicharras”, sobre resistência comunitária contra projetos invasores, e o chileno “Oasis”, que documenta as manifestações de 2019-2020, reforçam a autodeterminação e o luto coletivo. Cleber comenta: “Filmes que evidenciam inconveniências: que fantasmas estão à solta em nossos países, e que temos como sina o eterno retorno de nosso violento passado a nos assombrar”.
Outros filmes da Mostra Território lidam com esse olhar expansivo por meio de cinemas tortos e inventivos, como o brasileiro “Movimento Perpétuo” e o peruano “Punku”. No conjunto, são títulos a promoverem um futuro construído a partir de diferenças étnicas, raciais e regionais, sem tutelas externas, num convite para o público também enfrentar, pelo cinema, esses fantasmas coletivos.
MOSTRA TERRITÓRIO (COMPETITIVA)
1. “BIENVENIDOS CONQUISTADORES INTERPLANETARIOS Y DEL ESPACIO SIDERAL” – Colômbia, Portugal – Andrés Jurado
2. “CHICHARRAS” – México – Luna Marán
3. “HUAQUERO” – Equador, Peru, Romênia – Juan Carlos Donoso Gómez
4. “MOVIMENTO PERPÉTUO” – Brasil – Leandro Alves
5. “OASIS” – Chile – Tamara Uribe e Felipe Morgado
6. “PUNKU” – Peru – Juan Daniel Fernández Molero
7. “QUEMADURA CHINA” – Uruguai, Brasil – Verónica Perrotta
8. “UNA CASA CON DOS PERROS” – Argentina – Matías Ferreyra
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A 19ª CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte e o 16º Brasil CineMundi integram o Cinema sem Fronteiras 2025 – programa internacional de audiovisual idealizado pela Universo Produção e que reúne também a Mostra de Cinema de Tiradentes (centrada na produção contemporânea, em janeiro) e a CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto (que difunde o audiovisual como patrimônio e ferramenta de educação, em junho).
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SERVIÇO
19a CINEBH – MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE BELO HORIZONTE
16º BRASIL CINEMUNDI – ENCONTRO INTERNACIONAL DE COPRODUÇÃO
23 a 28 de setembro de 2025 | PROGRAMAÇÃO GRATUITA
Idealização e realização: UNIVERSO PRODUÇÃO
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