CURADORIA DEFENDE CINEMA LATINO QUE BUSCA LIBERDADE EM MEIO A EXPECTATIVAS EXTERNAS 

Publicado em 26 set 2025

Realizado na quarta-feira (dia 24) durante a 19ª CineBH, o debate “NÓS SOMOS O NOSSO FUTURO?” reuniu a equipe curatorial de filmes latinos do evento para discutir os critérios que moldaram a programação do festival, reafirmando o compromisso com um cinema territorial, político e urgente. Num cenário geopolítico complexo, marcado por tensões, exploração dos territórios latino-americanos e perseguições a imigrantes nos Estados Unidos, a discussão serviu para refletir sobre o papel da CineBH na amplificação de vozes e na busca por um cinema que funcione como ferramenta de resistência e autodeterminação. 

A curadoria destacou que as escolhas dos filmes programados em 2025 buscam um cinema que seja não apenas autoral, mas profundamente enraizado em seus territórios, atento à historicidade e às lutas de seus povos. O coordenador curatorial Cleber Eduardo abordou a natureza do cinema produzido na região e disse que a curadoria rejeita qualquer noção de essência ou homogeneidade no cinema latino-americano.

Para ele, fazer cinema na América Latina é um campo onde “pode-se ser tudo”, mas essa diversidade deve estar firmemente “escorada numa liberdade de determinar o que se quer ser, e não numa concessão ao que se quer de nós”. Essa visão soberana impôs um desafio à equipe: o deslocamento dos parâmetros de avaliação.

O principal ponto de inflexão na seleção curatorial foi o combate à demanda por um cinema que priorize o equilíbrio e a eficiência. Cleber Eduardo, ao lado das curadoras Ester Fér e Mariana Queen Nwabasili, destacou a dificuldade em se desvencilhar de um critério que está profundamente enraizado: “A gente tá muito ainda pautado nas nossas discussões cinematográficas sobre a questão do equilíbrio, né? A forma fílmica como um equilíbrio entre as partes”. A busca por formas redondas, harmoniosas ou tecnicamente eficientes foi identificada como uma lógica antiga, remetendo à Grécia clássica, mas também como um reflexo de uma “lógica neoliberal da produtividade e da eficiência”.

A equipe curatorial conseguiu, segundo Cleber, “olhar para os filmes, para como os filmes são, não para como nós queremos que eles sejam”. O resultado é uma programação que valoriza o cinema que se constrói na lógica do acúmulo, dos desequilíbrios ou das quebras de ritmo, vendo esses elementos como escolhas do filme, e não como falhas. 

“Não é criar um panorama exaustivo do cinema latino-americano, embora a composição da Mostra Território deste ano tenha resultado em uma diversidade de origens, com um filme de cada país, e sim olhar a essas brechas do continente”.


SERVIÇO
19a CINEBH – MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE BELO HORIZONTE
16º BRASIL CINEMUNDI – ENCONTRO INTERNACIONAL DE COPRODUÇÃO

23 a 28 de setembro de 2025 | PROGRAMAÇÃO GRATUITA

Fundação Clóvis Salgado (Cine Humberto Mauro, Sala João Ceschiatti, Sala Juvenal Dias, Jardim Interno e Jardim do Parque); Cine Theatro Brasil (Grande-Teatro e o Teatro de Câmara), Sala de cinema do Minas Tênis Clube, Cine Belas Artes, Cine Santa Tereza, Teatro Sesiminas, Praça da Liberdade e Casa da Mostra

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ESTE PROJETO É REALIZADO COM RECURSOS DA LEI MUNICIPAL DE INCENTIVO À CULTURA DE BELO HORIZONTE

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