Cleber Eduardo
São PauloObjetivo
Objetivo
Curadoria é um dos termos da moda e dos modos contemporâneos. Em um momento histórico no qual as ofertas se pautam pelos excessos de diferentes naturezas, a noção de curadoria tem sido usada como um filtro seletivo e direcionador, como uma espécie de playlist terceirizada, que, diante do caos quantitativo das sociedades atuais, organiza e seleciona a partir de determinados critérios e inclinações, como uma espécie de bússola, abarcando desde obras de arte até objetos de decoração.
Não estamos mais lidando com a noção restrita de curadoria de acervos de museus ou de uma exposição de obras. Se naqueles casos predomina a ideia de cuidado, preservação e informação, nos casos contemporâneos a curadoria extrapolou sentidos e práticas, a depender de por quem e em que é atribuída, correndo risco de se esvaziar como noção pela inflação de seu uso. Se tudo é curadoria, nada o é. No nosso caso, curadoria de cinema, o risco é o mesmo. E os desafios são enormes.
A começar pelo mais primário deles: o que ainda pode ser o cinema em um tempo histórico audiovisual, em que todo mundo gera, assiste e compartilha toda sorte de imagens, em todo tipo de telas (quanto menor mais visíveis), algumas denominadas de cinema, outras sem denominação qualquer? Por que exibir? O que exibir? Como exibir? Com quais argumentos? Com quais arbitrariedades? Com quais ênfases? Com quais objetivos?
A oficina Curadoria: Questão de Enfoque pretende compartilhar experiências, métodos e processos de elaboração de programações de festivais de cinema, não somente a partir da experiência de 16 anos de experiência do instrutor nessa atividade em diferentes tipos de mostras, mas também levando em consideração outros eventos de recortes específicos criados nos últimos anos.
Enfocaremos questões fundamentais em três encontros presenciais e um encontro online, como a formação e a manutenção de equipes, a necessidade de diversidade de percepções, as ênfases temáticas da programação ou do evento, as diferenças entre preferência pessoal e pertinência curatorial, os modos de elaboração da programação em dias, locais e horários.
Sem ter a intenção de ser uma pedagogia normativa, a oficina propõe um encontro entre distintas percepções em torno de um mesmo interesse, antes abrindo possibilidades para a atividade do que se fechando em noções redutoras de “o certo a ser feito”, uma estratégia de afirmação de algumas curadorias que, apesar de ambicionar a ventilação de força, pode se tornar uma armadilha e sua maior fragilidade. Não há certo a fazer, mas há muito a ser feito.
Conteúdo Programático
– No princípio, a abordagem
A importância de uma premissa de enfoque e de abrangência para a programação como um norte a ser respeitado pela equipe
– Preferências x Pertinências
A diferença entre preferências pessoais de integrantes da equipe e a pertinência ou não de alguns filmes na programação do evento
– Programação como narrativa
Uma programação pode ser apenas uma soma de filmes distribuídos em dias e horários ou pode compor uma lógica em sua organização
– Devolutiva e comentários
Encontro no qual o instrutor irá comentar as programações e os textos de cada participante
Pré-requisitos:
Formação em cinema e audiovisual, experiência com textos sobre cinema, interesse em programação de festivais e interesse e disponibilidade para montar uma programação de filmes e escrever um texto de justificativa
ATENÇÃO
Para sua inscrição ser efetivada é obrigatório você responder a pergunta Qual seu interesse e qual importância de participar de uma oficina de curadoria?
Preencha o formulário https://forms.gle/3a4pouNvwZsqnguBA com a sua resposta.
Currículo
Curador, professor e pesquisador. Atua como coordenador curatorial da CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte e curador da CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto e DocSP. Foi curador da Mostra de Tiradentes entre 2008 e 2019 e é consultor responsável pelo Imersão Doc. Desenvolve consultorias de projetos, roteiros e montagens de longas-metragens. Foi crítico das revistas Época e Bravo! e dos sites Contracampo e Cinética. Como professor, lecionou no Curso de Audiovisual do Centro Universitário Senac entre 2008 e 2020. Autor de diversos artigos publicados em livros e coordenador editorial do livro O cinema brasileiro em resposta ao país (2022).