A primeira edição da Mostra competitiva Território tem a importância de ser a primeira. Mas não só. Possui também a importância de apresentar a olhares brasileiros, em Belo Horizonte, uma nova geração de autorias latino-americanas, a maioria em seus longas-metragens iniciais. Há ainda a importância de introduzir essa nova geração por meio de um conjunto de oito filmes avessos a estereótipos de latinidades genéricas e expressivos das múltiplas possibilidades de se atentar a um território concreto, local antes de nacional, e não deixar as pressões pelas justas representações asfixiar as autoralidades. Até porque as autoralidades, como pensamos em nosso processo curatorial, não são a pessoa física ou suas ideias, mas a relação do que criam a partir do mundo que estimula a criação. A autoria já é uma relação.

São oito filmes, metade dirigida por mulheres. Cada um com princípios e práticas muito distintas. Todos têm em comum a valorização de diferentes naturezas de territórios em suas imagens. Não foi uma busca de nossa equipe, para conciliar filmes com o nome da Mostra (Território), mas uma constatação posterior. Não acreditamos que nenhum deles seja representativo dos cinemas de seus países, mas antes um caminho alternativo ao que se supõe desses cinemas nacionais. Alguns são frutos de coproduções ou passaram por laboratórios internacionais. Todos transitaram por festivais internacionais. Não são necessariamente descobertas da CineBH para o mundo, mas o mundo também não descobriu essas obras, sobretudo o mundo de pessoas interessadas em cinema. Contribuímos com nosso desejo e dever de compartilhar aquilo que vislumbramos com empolgação.

Cleber Eduardo
Coordenador curatorial

Ester Marçal Fér
Leonardo Amaral

Curadores

Rubens Anzolin
Curador assistente