Existe o tempo do cinema, o tempo de quem assiste e o tempo da sessão. O do cinema não é o tempo do relógio, a duração do filme, mas o tempo interno da obra.  O tempo interno de quem assiste é um tempo emocional, psicológico, metafísico, que não se mede, mas se sente. Muito já se escreveu a respeito e, entre os cânones do tempo (e às vezes também da duração), temos muitos cineastas. Tempo e duração podem ou não se potencializar na sessão de um filme e podem ou não estar em uma relação intrínseca de causa e consequência. Não significa que, se um filme tem uma longuíssima duração, acima de quatro horas, tenha necessariamente cenas longas. Não. Pode ser todo fragmentado ou ter um ritmo fluido. Menos dinâmica ou mais ralentada, as durações são matemáticas, embora não as sintamos de modo numérico. De qualquer forma, é mensurável, tem seu relógio. E as mais extensas têm suas próprias lógicas na relação com quem está diante da tela. Há nos investimentos mais radicais das durações um fenômeno exterior ao filme e a seu tempo interno. A prolongada exposição às imagens, se em uma sala de projeção e de modo contínuo, deixa de ser somente questão da percepção, pois agrega uma situação física, reação do corpo a muitas horas na mesma posição, olhando para uma mesma direção e superfície. O cansaço  e a resistência são pressupostos do desafio. Exige um esforço, um empenho, uma disciplina, uma entrega. Uma atitude de subversão em relação à pressa e à fome de produtividade. É uma experiência assim que compõe a sessão de Cinema de Fôlego.

Cleber Eduardo
Coordenador curatorial

Marcelo Miranda
Curador