O evento de cinema da capital mineira destaca duas carreiras que marcam o audiovisual e o teatro em Minas Gerais e que projetam a arte do estado a plateias do país e do mundo todo.

A 17a CineBH ­– Mostra de Cinema de Belo Horizonte, o evento internacional de cinema da capital mineira, acontece entre os dias 26 de setembro e 1o de outubro de 2023 e fará uma homenagem dupla. Serão celebradas as trajetórias de dois artistas de Minas Gerais de fundamental importância: o diretor Rafael Conde e a atriz e diretora Yara de Novaes. Ambos têm caminhos distintos, mas em vários momentos eles se cruzaram; o resgate desses diálogos é também parte da vontade de a CineBH revisitar suas obras.

Historicamente, o encontro entre Rafael Conde e Yara de Novaes foi estimulado por uma rede de interesses múltiplos desses dois artistas nascidos em Belo Horizonte: o teatro, o cinema, a atuação e a palavra. Entre 1998 e 2008, Conde e Yara dividiram funções tanto à frente quanto atrás das câmeras. Em conjunto e com funções distintas, realizaram seis filmes, todos dirigidos por Conde e com participação de Yara como atriz, diretora de elenco ou assistente de direção: os longas “Samba Canção” (2002) e “Fronteira” (2008) e os curtas “A Hora Vagabunda” (1998), “Françoise” (2002), “Rua da Amargura” (2003) e “A Chuva nos Telhados Antigos” (2006).

Num cenário efervescente e criativo como o do audiovisual mineiro, Rafael Conde tem um caminho singular justamente por não se assemelhar à maior parte de seus colegas, ainda que tenha forte aproximação com eles. “Na época em que Conde começou a fazer filmes, o forte na produção de Minas Gerais eram outras formas de manifestações visuais, não exatamente o cinema realizado em película 16mm ou 35mm”, relembra Cléber Eduardo, coordenador curatorial da CineBH. “De sua geração, Conde é o mais veterano, talvez o mais pesquisador da cena, da interpretação, que mais busca algo que não é o naturalismo, nem a performance do naturalismo, mas também não é uma ruptura rumo a algum outro extremo”.

Seu começo é nos 1980, mas na virada do século Rafael Conde se eterniza no cinema mineiro com dois filmes essenciais: o curta “A Hora Vagabunda”, em 1998, quando filma uma juventude desiludida nas ruas de Belo Horizonte com um tipo de fluxo incomum no período; e o longa “Samba Canção”, em 2002, comédia satírica sobre as dificuldades de fazer filmes independentes num Brasil ainda traumatizado pela destruição cultural do governo Collor na década anterior. Em paralelo, Conde seguiu carreira acadêmica como professor na faculdade de Belas Artes da UFMG e como estudioso das artes da cena, inclusive lançando o livro “O Ator e a Câmera: Investigações sobre o Encontro no Jogo do Filme” (2019), que tem prefácio justamente de Yara de Novaes.

“No cerne de seu cinema, há o emblema da criação em meio à crise e a partir dela, sem cair na arapuca da autoria autoindulgente e sem deitar no conforto estéril do cinema fácil, numa época em que nem se falava de ‘cinema mineiro’”, diz Cléber. Para o crítico Marcelo Miranda, curador de filmes brasileiros na CineBH deste ano, Conde desenvolveu um tipo de cinema narrativo moderno num período em que surgiam no estado nomes mais relacionados à videoarte, à performance e a referenciais experimentais. “Em contraponto, mas sem se colocar em choque com isso, os filmes do Rafael Conde propunham formas renovadas de trabalhar e apreender a ficção cênica, o drama, o humor. Em vários casos utilizavam bases literárias para propor narrativas que não eram nem clássicas nem antiparadigmáticas, sempre envolventes na proposta de convidar o espectador a adentrar a fábula”, diz Marcelo.

Por sua vez, Yara de Novaes é nome crucial no teatro mineiro, desde a presença nos palcos como atriz e diretora até o ensino nas salas de aula. Na sua trajetória constam as fundações do Grupo 3 de Teatro, em 2005, com Gabriel Paiva e Débora Falabella; e da Odeon Companhia de Teatro, com Carlos Gradim, em 1998. Em ambas, dirigiu ou atuou em dezenas de peças, inclusive adaptações como “A Serpente”, de Nelson Rodrigues, “O Amor e seus Estranhos Rumores”, a partir de Murilo Rubião, e “Ricardo III”, de Shakespeare.

A certa altura, Yara de Novaes expandiu o próprio trabalho e foi atuar também no cinema, na TV e no streaming. “Se, a princípio, Yara era uma atriz teatral autoral, foi o cinema e o audiovisual que fizeram dela não só uma intérprete mais conhecida, como também uma profissional aberta aos códigos industriais-populares, tanto no humor como na dramaticidade, assim salientando sua versatilidade”, diz Cléber Eduardo.

Ele se refere a trabalhos de Yara em séries, como “Shippados” (Globoplay, 2019) e “Irmandade” (Netflix, 2019); em novelas, caso de “Um Lugar ao Sol” (Globo, 2021); e no cinema popular comercial, como a comédia dramática  “Depois a Louca sou Eu” (2019), de Júlia Rezende, filme no qual divide tela com a colega de grupo de teatro Débora Falabella. “Numa atuação marcante em tantas frentes artísticas, sem jamais deixar de lado as aulas e a pesquisa acadêmica, a homenagem a Yara marca a celebração de uma das vozes mais difusas e marcantes da cena cultural de Minas Gerais”, destaca a curadoria da CineBH.

SOBRE A 17ª CINEBH – MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE BELO HORIZONTE

O CINEMA BRASILEIRO EM CONEXÃO COM O MERCADO INTERNACIONAL E A CAPITAL MINEIRA


A CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte, o evento de cinema da capital mineira, chega a sua 16ª edição entre os dias 20 e 25 de setembro de 2022. O evento promove a conexão entre o cinema brasileiro e o mercado internacional e se apresenta como instrumento de formação, reflexão, exibição e difusão do audiovisual em diálogo com outros países.

A CineBH prevê em sua programação a oferta de atividades oferecidas gratuitamente ao público: exibições de filmes nacionais e internacionais, pré-estreias e mostras retrospectivas, programa de formação com a oferta de oficinas, workshops, laboratórios, masterclasses, debates e painéis, promoção do fomento ao empreendedorismo, dissemina a informação, produz e difunde conhecimento, cria oportunidades de rede contatos e negócios, reúne a cadeia produtiva do audiovisual numa programação abrangente e gratuita.

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A 17ª CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte e o 14º Brasil CineMundi integram o Cinema sem Fronteiras 2022 – programa internacional de audiovisual idealizado pela Universo Produção e que reúne também a Mostra de Cinema de Tiradentes (centrada na produção contemporânea, em janeiro) e a CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto (que difunde o audiovisual como patrimônio e ferramenta de educação, em junho).

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SERVIÇO

17a CINEBH – MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE BELO HORIZONTE
26 de setembro a 1º de outubro de 2023

LEI FEDERAL DE INCENTIVO À CULTURA
LEI ESTADUAL DE INCENTIVO À CULTURA
ESTE EVENTO É REALIZADO COM RECURSOS DA LEI MUNICIPAL DE INCENTIVO À CULTURA DE BELO HORIZONTE

Patrocínio: MATER DEI, CEMIG/GOVERNO DE MINAS GERAIS
Parceria Cultural: SESC EM MINAS
Idealização e realização: UNIVERSO PRODUÇÃO
MINISTÉRIO DA CULTURA | GOVERNO FEDERAL – UNIÃO E RECONSTRUÇÃO
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